As colinas sagradas.
É verão! Todas as praias brasileiras estão cheias de belas mulheres. Elas são mulheres de todos os tipos. Altas, baixas, gordas, magras, de corpos elegantes, roliços, malhados, braços torneados, magros ou protuberantes, pernas e braços curtos, compridos; cabelos loiros, negros, ruivos, castanhos, vermelhos, azuis, rosas, verdes; olhos claros, azuis, verdes, cor de mel, negros; seios grandes, pequenos, redondos, globulares, alongados, caídos, flácidos, duros, moles, siliconados; cinturas largas, com pneus, fina como de pilão ou pronunciada como de violão, quadris largos, estreitos, bundas grandes pequenas, bem-feitas, feias, flácidas, com celulite, com estrias, duras, empinadas, com silicone, com enxerto de gordura, globulares, redondas, em forma de uva, grandes como melancia, redondas como melão, depiladas, com pelos oxigenados. Enfim são mulheres de todos os tipos mesmo. Mulheres tímidas, ou ousadas, trabalhadoras, ou vagabundas, alegres, tristes, perversas, maliciosas, bondosas, ingênuas, ansiosas, fumantes, bêbadas, sóbrias, anoréxicas, obesas, vaidosas, desleixadas, ninfomaníacas, frígidas, esportistas, sedentárias, de esquerda, de direita, de centro, católicas, evangélicas, protestantes ou crentes, como assim queiram chamar, espíritas, do candomblé, budistas, da umbanda, brasileiras, italianas, francesas, inglesas, americanas, espanholas. Heterossexuais, homossexuais, bissexuais, transgênicas. Cultas, ignorantes, falantes, caladas. Enfim, são mulheres de todos os tipos mesmo.
Porém, nessa nação chamada Brasil, há um tipo de mulher que é a predileção dos homens. É aquela mulher que tem cintura de pilão e amplos quadris que comportam abaixo deles um par de grandes, roliças e protuberantes nádegas. Uma mulher assim chama a atenção de todos os rapazes, homens jovens, maduro e até dos idosos na praia. E ela recebe toda sorte de olhares concupiscentes por parte deles, sobretudo porque as moças, em grande parte, se trajam com pequenos biquínis que expõem suas farturas glúteas de maneira bem explícita.
Nesse momento estamos na praia de Itapema. Itapema é uma pequena fazenda que está localizada no recôncavo baiano. Sendo também um pequeno vilarejo. Há uma pequena praia de areias alvas. É um local pacato e tranquilo a maior parte do tempo, tendo apenas um movimento maior na época do verão. E estamos justamente nessa estação. Uma estação quente, poucas chuvas, no máximo trovoadas esparsas. Época de frutas como o caju, o jambo, a seriguela, as mangas de vários tipos, as jacas. As gumixamas. Mas, sobretudo a época onde a praia de Itapema é povoada por mulatas vindas, sobretudo do Acupe. Algumas da Saubara também se aventuram por aqui. Uma coisa é certa, elas rivalizam em muitas coisas com as mulheres de Itapema, sobretudo no que diz respeito à grandeza, dureza e beleza das bundas. Bundas essas que ficam bem a mostras pelos diminutos biquínis que elas trajam sem muitos pudores. E fazem a alegria dos homens que vão à praia com o único intuito de apreciar essas paisagens corpóreas. Paisagens essas que por vezes são comparadas com colinas sagradas. Justa comparação, pois foram elas feitas pelas sábias mãos do grandioso Deus, designer supremo das belas formas.
Assim dito, eu começo essa louca estória dizendo que no momento uma mulata vinda da Saubara está na praia de Itapema. Ela é uma mulata alta, de braços e pernas bem-nutridas, cabelos negros e lisos como se fosse uma cachoeira de noite sem luar que se derrama pelas suas costas de forma graciosa. Cabelos lisos porque ela é uma mulata mestiçada com índio. Seu rosto tem traços africanos e indígenas, olhos maliciosos e agudos com íris acastanhadas, lábios carnudos e levemente rosados que quando abertos expõem um par de fileiras de dentes alvos como se feitos de marfim. Descendo mais um pouco vemos o seu belo busto exposto no sutiã do biquíni. São seios belos, grandes e bem-feitos, um pouco alongados como se fossem cocos de cacau. Descendo mais um pouco vemos que essa mulata tem cintura de pilão bem pronunciado e que um pouco abaixo se alongam em largos quadris que comportam um par de nádegas roliças e bem protuberantes, nádegas bem duras, porém com formas arredondadas e globulares bem estruturadas. A calcinha do biquíni da mulata saubarense é engolida pelo vale formado entre as nádegas. Esse biquíni tem estampa quadriculada em preto e branco e um bojo do sutiã com detalhes metálicos.
A mulata está deitada de bruços sobre sua toalha de praia nas alvas areias da praia de Itapema. Talvez sejam agora três da tarde duma tarde de verão no mês de Janeiro. Um céu límpido, azul e diáfano. Poucas nuvens tingem essa grande tela azul com manchas brancas. Uma leve brisa marítima balança os lisos cabelos da mulata, trazendo um cheiro de maresia. A maré está a subir lentamente nessa enseada cujo solo tem tons ocres. No horizonte a moça admira as ilhas da Baía de Todos os Santos e os prédios de Salvador. A moça está comendo um delicioso e crocante acarajé nesse momento. Recheado com alaranjado e cremoso vatapá, verdes cubos de tomate, rubros camarões secos defumados e picante molho de pimenta.
Os alvos dentes da mulata se cravam a cortam a carne macia do bolinho frito que ainda está um pouco quente. Ela mastiga os pedaços com muita elegância e sensualidade. De tal modo que quem observa tem o desejo de ser tal acarajé e ser comido por essa mulata. Mesmo sabendo que o destino final dessa viagem pelo seu organismo é se tornar fezes e ser defecado pelo seu orifício anal.
O sol quente é uma grande bola alaranjada que torra a pele marrom dessa mulata de maneira impiedosa e os poros estão a lagrimejar gotículas de suor abundantemente. Sim, a pele da mulata está cravejada por gotículas de suor que estão escorrendo pelas formas arredondadas das nádegas tais como orvalho sobre verdes folhas numa fria manhã de inverno. Porém estamos bem longe do inverno. É alto verão! Um dos verões mais quentes dos últimos tempos. E parece que de fato estamos nos fins dos tempos. Mas na nossa estória estamos apenas no começo.
Há um rapaz ao largo admirando os contornos corporais, e sobretudo glúteos, da mulata. Esse rapaz em questão se chama Richard Moon. Jovem americano de pouco mais de 23 anos de idade, recentemente formado em jornalismo, que está em viagem de intercâmbio pelo Brasil. Ele quer ser um escritor de romances na verdade. Está aproveitando a viagem para ter subsídios para começar o seu primeiro romance.
Ele é alto, forte, de pele branca levemente rosada, olhos azulados, cabelo loiros, rosto de traços finos, nariz bem-feito. Está trajado com terno e gravata, tem uma pasta preta onde está o notebook onde ele redige o esboço inicial de seu romance. Sendo ele um rapaz com grande e inventiva imaginação ele começa a fantasiar seguinte cena:
“Ele se imagina sendo uma pequena formiga que caminha pelas costas da mulata e que tem como visão inicial uma planície com uma superfície dérmica coberta com poros a minar suor e pelos como vegetação. No horizonte é possível ver um par de imponentes colinas lado a lado. São verdadeiras colinas sagradas. A medida que a formiga caminha pelas costas da mulata, as colinas vão crescendo no horizonte. Quando enfim a formiga chega ao sopé das colinas é possível ver um estreito, e escuro vale entre elas. A formiga então decide subir uma das colinas. Uma subida difícil devido ao formato arredondado dela. Quando a formiga enfim chega ao seu topo, ela pode ter uma panorâmica visão de todo o corpo da mulata.
“Porém, a mulata começa a se levantar e a colina treme. A formiga escorrega e cai do topo bem dentro do vale e um buraco suga-la e agora ela está em um local escuro e apertado. Ela nada pode ver, nem pode se mexer. Porém, depois de alguns minutos ela sente algo duro lhe empurrando. É algo duro e malcheiroso. Ela tenta lutar contra essa coisa dura, mas ela segue lhe empurrando. Então, uma luz surge atrás dela e ela olhando para baixo vê um lago num local branco. A coisa dura segue lhe empurrando e enfim a formiga cai juntamente com coisa dura e eles afundam dentro do lago fazendo um grande barulho aquático. Depois ambos emergem e a coisa dura fica boiando na superfície da água. A formiga então sobe sobre a coisa dura que na verdade é um pedaço de cocô e o lago está na verdade dentro duma latrina. A formiga olha pra cima e vê mais toletes saindo do buraco que fica entre as colinas e eles caem e afundam na água e fazem mais barulhos aquáticos e ondas que chegam balançar a merda na qual a formiga está montada. Quando ela pensa em remar com as pernas para a margem do lago e fugir do vaso é tarde demais. A moça se levanta, limpa-se com papel higiênico e dá descarga no vaso. O estático lago se torna um violento redemoinho d’água que gira e suga a formiga para baixo e ela é levada para o cano de esgoto e morre afogada. Assim acaba a fantasia de Richard.”
Richard, voltando a realidade, vê a mulata de pé olhando para ele com uma cara bem furiosa e dizendo assim:
— Você está olhando minha bunda, não é seu descarado?!
A branca cara de Richard fica corada de vergonha e ele responde meio que gaguejando:
— Não, moça... Eu não ser assim... Eu estar a admirar outro coisas...
Pela forma de falar e pelo sotaque, a moça nota que se trata dum estrangeiro. Ela então pergunta assim:
— Você é um gringo, não é? De onde você veio?
O rapaz tira um cartão de apresentação e entrega a moça. Ela lê:
Richard Moon - Estudante de Jornalismo - Faculdade de Nova York
— Hum... Você está estudando jornalismo? Veio fazer o que no Brasil?
— Eu estar a fazer intercâmbio para concluir meu curso. Eu querer ser na verdade escritor.
— E você escreve sobre o que?
— No momento eu estar a fazer esboço sobre um romance sobre as mulatas do recôncavo.
— Sério? E qual é o título dele?
— Buttocks Land – an abundant voyage.
— O que significa isso?! Eu não falo inglês.
— Em seu língua isso quer dizer: terra das nádegas, uma abundante viagem.
— Mas nádegas é uma palavra feia. Use bunda. É menor, mais bonita, sonora e todo mundo usa.
— Ok. Você está a ir embora?
— Sim, já está escurecendo e quero tomar banho. Já torrei muito meu couro. Você branco assim nem devia está nesse sol. Passou protetor?
— Eu passar sempre. Minha mãe falou mesmo que aqui sol ser muito forte.
— Sim, aqui o sol é infernal. Mas a paisagem é paradisíaca. Vamos vou te levar para Saubara. Lá você vai ver mais coisas belas. Se bem que vocês americanos não ligam muito para bundas né? Vocês são tarados por peitos, não?
— Eu gostar de bundas mais do que de peito...
— Sério?! Então você é um americano com alma brasileira. Quem te ensinou português?
— Aprender? Não sei se eu já aprender português. Eu acho tão difícil...
— Você fala melhor que muita gente que conheço.
— Qual ser seu nome?
— Katherine Saints.
— Bonito nome.
— Minha mãe quis pôr assim americanizado mesmo.
Nesse momento chegam mais três moças amigas de Katherine que estava se banhando nas águas do mar. Elas estão com os corpos molhados e as peles estão lustrosas. São elas: Mary Grand-daughter, Priscilla Saints e Jayanne Air You Jo. São belas moças, é verdade. Mary vendo Katherine falando com Americano pergunta assim:
— É seu namorado novo Kathy?
— Não. Pequena Mary. É apenas um Gringo que conheci agora pouco aqui na praia. Ele negou, mas ele estava de olho na minha bunda.
— Essa sua bunda também sempre fazendo sucesso! Até com gringos agora. Também pelo tamanho dela...
— A sua não fica por menos...
— Não, eu não nego que tenho uma bunda bonita e de bom tamanho para minha altura. E que faz muito sucesso também vide as curtidas que recebo no Instagram das fotos que posto lá. Mas comparado com a sua eu me sinto até um pouco humilhada.
— Deixe disso... Já estou de partida!
— Eu e as meninas também.
Assim dito, as moças e o rapaz saem da praia e vão até o ponto de ônibus de Itapema e pegam o primeiro transporte que passa para o lado da Saubara. Eles iram para a rua onde mora Katherine. A Rua do Cansanção. E aqui encerramos os acontecimentos desse primeiro capítulo. Espero que as leitoras tenham desfrutado duma agradável leitura. Até porque esse livro fora concebido para homenagear as mulheres do recôncavo Baiano cujas formas glúteas são a inspiração maior desse autor devasso, porém generoso e que deseja enaltecer e propagar para o mundo a beleza e a garra da mulher baiana que tem uma vida sofrível, mas que mesmo assim vive feliz com amplo sorriso no rosto e uma simpatia sem igual. Richard Moon logo vai notar a hospitalidade baiana quando chegar à Rua do Cansanção e puder ver a grandeza e beleza glútea de suas moradoras que lá habitam. Cenas dos próximos capítulos. A conferir.
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